Entenda como os genes podem influenciar a "brisa" de cada um.
Estudos Práticos
Um estudo de 2013 conduzido por pesquisadores (desde Melbourne até Barcelona) concluiu que diferentes genes afetam a influência da Cannabis no cérebro. Além disso, ao realizarem diversos testes entre fumantes e não fumantes, eles também descobriram que "o uso diário de Cannabis não está associado a nenhum déficit de função executiva".
O estudo reuniu 86 fumantes de maconha e 58 não fumantes. Descobriram seus genótipos e os submeteram a uma bateria de testes cognitivos: capacidade de concentração, memória de trabalho, percepção, planejamento e tomada de decisão.
No início, os pesquisadores acreditavam que os usuários de Cannabis apresentariam resultados inferiores em relação às funções executivas, porém, os resultados provaram o contrário.
"Nós não encontramos nenhuma correlação significativa entre o tempo em que os voluntários são usuários e suas performances nos testes executivos", conclui o estudo.
O interessante é que o estudo também concluiu que "o consumo diário de Cannabis não prejudica significativamente as funções executivas, nem mesmo entre os usuários jovens, com o cérebro ainda em formação".
Função executiva, também conhecida como controle cognitivo, basicamente descreve sua habilidade para agir em situações do cotidiano. Então, assim como a maioria dos fumantes de maconha suspeitaram, não há nenhuma prova que indique que eles não possam viver como membros funcionais da sociedade.
Nem Tudo São Flores
Porém, o estudo encontrou algumas desvantagens no consumo da Cannabis. "O principal efeito adverso do uso de maconha na função cognitiva foi restrito aos domínios de aprendizado e memória, enquanto que os efeitos não foram significativos para o domínio das funções executivas", conclui o estudo.
Os pesquisadores também constataram "uma leve dependência dos efeitos da maconha nas habilidades ligadas às funções executivas". Ou seja, os voluntários não conseguiam realizar os testes plenamente se privados da Cannabis por muito tempo, o que é um forte indicativo de vício.
Estudos Genéticos
Após estudos genéticos mais aprofundados submetidos aos voluntários, foram analisadas as diferenças genéticas que influenciam o efeito da maconha no cérebro, dois genes foram estudados: o val158met da COMT e o 5-HTTLPR, ambos comumente conhecidos por suas conexões com traços pessoais e distúrbios neuropsiquiátricos.
O estudo constatou que os portadores de val158val fumantes tiveram menos concentração do que os não fumantes; os fumantes portadores de val/val também cometeram mais erros do que os portadores de met158met que também fumam.
O que chama a atenção é que os portadores de met/met normalmente obtêm resultados piores do que os portadores de val/val. Ou seja, curiosamente "o padrão de desempenho foi revertido nos usuários de maconha". Em um outro estudo com 486 participantes, 20% das pessoas eram portadoras de val/val e 37% eram de met/met.
Quanto ao polimorfismo do 5-HTTLPR, os pesquisadores descobriram que os fumantes de maconha do genótipo SERT s/s tomam decisões piores do que os não fumantes do mesmo genótipo. Os portadores do genótipo s/s normalmente apresentam pior desempenho no Teste de Jogo de Iowa (teste de tomada de decisão), e a maconha apenas o agrava esses resultados negativos.
O 5-HTTLPR é o gene que codifica o transportador de serotonina (SERT), e já foi descoberto que os canabinóides a afetam. Aparentemente, altas doses de agonistas canabinóides (ou seja, canabinóides sintéticos centenas de vezes mais potentes que o THC) podem reduzir os níveis de serotonina plaquetária. De acordo com o estudo, "também há evidências de que há ligação entre o uso de Cannabis e a depressão em usuários portadores do genótipo s/s". Certos comportamentos são característicos de pessoas desse genótipo, e a Cannabis pode os tornar mais evidentes.
Cada Cabeça, Uma "Brisa"
Então quando você ouvir uma história sobre alguém que fica muito paranoico ou bobo-alegre depois de uma dabada, saiba que não é culpa deles; a composição genética influencia os efeitos da maconha. Apesar disso, a maioria dos que curtem um bem bolado ou um dab são pessoas completamente normais, sem problemas para conviver em sociedade.