Certa vez, o mundialmente famoso comediante Bill Murray disse: “é meio irônico pensar que a coisa mais perigosa sobre a maconha é ser pego com ela”. Como um todo, ele até que está certo, porém, vale lembrar que existem sim alguns riscos ao consumir Cannabis.
Seja Responsável
Vale lembrar que a maioria desses riscos estão ligados ao consumo irresponsável. Ou seja, como na grande maioria das coisas na vida, a maconha deve ser consumida na medida certa. Além da quantidade, você tem que ser consciente sobre outras questões.
Por exemplo, é extremamente perigoso — para você, e para as outras pessoas — dirigir após o consumo. Também é bastante irresponsável deixar maconha ao alcance de crianças ou animais. Outro exemplo negativo é operar máquinas pesadas ou objetos perigosos enquanto sob efeito da planta.
Maconha Faz Mal à Saúde?
Apesar da importância dessas questões, um discurso sobre responsabilidade não é exatamente a resposta que esperam quando perguntam se maconha faz mal. O que eles querem mesmo saber é se a maconha faz mal à saúde. A resposta mais honesta e precisa que pode ser dada é: “Não se pode dizer com 100% de precisão”. Apesar da grande quantidade de estudos conduzidos até hoje sobre o assunto, os efeitos variam muito de pessoa para pessoa, sendo difícil estabelecer um paradigma geral. Neste post falaremos sobre tudo que foi comprovado até então. Como já abordamos anteriormente aqui no King Blog, ainda não se tem registrada nenhuma morte por overdose de Cannabis, o que já a torna mais segura do que muitos remédios.
Mesmo assim, não é correto afirmar que consumir maconha é completamente seguro. A forma preferida do brasileiro de consumir Cannabis, por exemplo, é o baseado. Por mais que a maconha seja muito menos prejudicial do que o cigarro tradicional, não adianta se enganar, a fumaça quente ainda está sendo inalada pelo seu pulmão. Por isso, o número de pessoas aderindo aos comestíveis de Cannabis vem crescendo a cada dia. E mesmo assim, o mais seguro, especialmente quando se trata de comestíveis com altas taxas de THC, é ingerir microdoses. Ingerir muito THC não é exatamente perigoso, mas pode levar a vários efeitos indesejados.
Cannabis em Conjunto com Substâncias e Medicamentos
Outra pergunta bastante comum é: “a Cannabis pode ter interações negativas com outras drogas ou medicamentos?” Embora a resposta seja “sim”, isso ainda deve ser estudado mais detalhadamente. Existem alguns efeitos negativos graves e moderados no consumo de Cannabis em conjunto com outras drogas e medicamentos que contêm propoxifeno, buprenorfina e naloxona, por exemplo. Isso ainda deve ser estudado porque não são todas as pessoas que experienciam os efeitos negativos. A reação do corpo e da mente de uma pessoa pode não ser a mesma de outra.
Também tem outras substâncias que não devem ser consumidas em conjunto. Álcool definitivamente é uma delas. Outras são aquelas que têm efeitos diretos na enzima do citocromo P450, responsável por metabolizar drogas e medicamentos no corpo humano. Drogas anti-epilépticas como a fenitoína induzem a atividade do citocromo P450, assim como os benzodiazepínicos e barbitúricos. O CBD, embora não seja tóxico e geralmente inofensivo, pode interagir negativamente com drogas à base de barbiturato e benzodiazepina, porque desativa as enzimas P450. Isso significa que certas drogas não são metabolizadas adequadamente, portanto, podem causar danos graves no fígado ou, no caso de pacientes com epilepsia, anular a eficácia de uma droga anti-convulsiva e, consequentemente, resultar em convulsões.
Os efeitos do CBD no citocromo P450 são um enigma para muitos cientistas e médicos, que ainda estudam o caso. Por outro lado, alguns afirmam que o CBD pode, na verdade, induzir um melhor funcionamento do citocromo P450, ao invés de inibi-lo. O que se sabe até agora é que o CBD pode tanto induzir quanto reduzir a atividade do citocromo P450. Isso depende do medicamento com que ele está interagindo e em que dosagem. Além disso, como o CDB tem efeitos sobre o sistema imunológico, ele também pode provar ser imunossupressor. Isso significa que o CBD pode impedir que certos antibióticos funcionem adequadamente.
Saúde Mental
Definitivamente, saúde mental é outro dos tópicos mais importantes. Quando pensamos sobre o assunto, nos deparamos com uma situação “ovo ou galinha”: as pessoas fumam maconha para amenizar os problemas de saúde mental ou têm esses problemas justamente por fumarem? Os problemas de saúde mental são muito complexos e, nesse caso, devem ser analisados a partir de seus tipos.
Dar THC a uma pessoa com esquizofrenia, por exemplo, pode não ser uma boa ideia, mas já foi provado ser excelente contra a ansiedade e a depressão. Todas essas questões podem ter diferentes respostas por diferentes situações, e diferentes efeitos em diferentes pessoas. Portanto, por enquanto, é seguro afirmar que a Cannabis pode ser benéfica para algumas pessoas com certos tipos de problemas de saúde mental, mas prejudicial para outras com outros sintomas.
Entretanto, parece claro que perfis específicos de canabinóides e terpenóides podem ter efeitos positivos ou negativos sobre a saúde mental, ou física de uma determinada pessoa. Ou seja, enquanto uma strain pode resultar em efeitos negativos em uma pessoa, pode resultar em efeitos positivos em outra. Diferentes problemas respondem a diferentes concentrações de canabinóides de maneiras diferentes.
Os Efeitos São Relativos
Existem mais problemas? Tudo é muito subjetivo: enquanto a maconha pode levar a um risco maior de derrame e pressão alta, ela também pode ajudar a prevenir e até mesmo tratar os efeitos secundários do derrame e reduzir a pressão alta. Então, não há como bater o martelo com um veredito. Quanto ao vício e tolerância, pode-se dizer que, para algumas pessoas, a dependência à Cannabis é um problema. Entretanto, ao contrário do vício em outras substâncias, a dependência à planta mais querida não é mortal e provoca um número bem menor de mudanças fisiológicas permanentes.
A Idade Também Pode Interferir
Outro fator importante sobre os riscos do consumo de Cannabis é a idade. Enquanto pessoas mais velhas, em torno dos seus 30 anos, podem ser beneficiadas pelos efeitos da maconha, crianças e adolescentes podem ser altamente prejudicados. Carregar um cérebro em desenvolvimento com canabinóides pode ser problemático, mas em um cérebro já desenvolvido, pode ser muito benéfico.
Abordagem Médica
Se tratarmos a Cannabis como um “medicamento”, temos que ser o mais objetivos e honestos possíveis em relação a ela. Devemos equilibrar os prós e os contras quando lidamos com uma condição médica específica (ou seja, a Cannabis funcionará adequadamente e não causará muitos danos a longo prazo?). Devemos entender como dosar corretamente e, definitivamente, precisamos encontrar mais consistência nos medicamentos à base de canabinóides. Esse é o único jeito de minimizar qualquer ponto negativo que a maconha pode ter.