Maconha e espiritualidade: o uso da cannabis em rituais religiosos e tradições espirituais

Amante da erva e espiritualidade? Descubra como a cannabis é utilizada em rituais religiosos.

Maconha e espiritualidade: o uso da cannabis em rituais religiosos e tradições espirituais

Índice

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O uso espiritual da maconha: uma prática ancestral

A maconha tem sido utilizada como parte de rituais religiosos e tradições espirituais em diferentes partes do mundo há milhares de anos. Algumas dessas práticas têm sobrevivido até hoje, enquanto outras foram suprimidas por governos ou grupos religiosos. Neste texto, vamos explorar algumas dessas práticas e examinar como a cannabis tem sido usada para fins espirituais.

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Qual a história por trás do uso da maconha na religião rastafari?

Quando você ouve falar na religião Rastafari, provavelmente já pensa em dreadlocks, Jamaica e Bob Marley, não é mesmo? E talvez saiba até da tradição canábica nessa prática espiritual. Mas e a história por trás do uso da maconha pelos rastafáris, você conhece?

Originada na Jamaica na década de 1930, a religião Rastafári acredita em Hailé Selassié, o ex-imperador etíope que ficou no poder por mais de 60 anos, como a reencarnação de Jesus Cristo. A cannabis, que eles chamam de "ganja", é vista como uma planta sagrada que ajuda a aproximar os seguidores de Jah, o Deus Rastafári. A religião acredita que a “Árvore da Vida”, mencionada na bíblia, seria a maconha e embasa o seu uso em citações como esta do Génesis 1:29 : “E disse Deus: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.”

Sendo assim, a maconha é considerada um sacramento nesta linha espiritual e deve ser consumida em ocasiões específicas e em determinadas quantidades. O rito de fumar a ganja em grupo é também uma forma de comunhão e união comunitária dentro da religião. Mas não se engane, a substância não é vista como droga na religião e sim uma ferramenta para alcançar um plano divino e é utilizada de maneira controlada em meio a esta cultura. Os rastafáris, na verdade, evitam o uso de drogas como álcool, tabaco, cocaína e outras substâncias, pois estas são vistas como venenos que contaminam o corpo.

Para finalizar, a cultura rastafari não permite o uso de quaisquer remédios que não os medicinais e a maconha, é claro, acaba desempenhando o papel de uma das principais substâncias para tratamentos de saúde.

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Ayahuasca e cannabis: o Santo Daime e suas tradições espirituais

Outra tradição espiritual que utiliza a maconha é o culto do Santo Daime, originado no Brasil no início do século XX. O culto é uma mistura de cristianismo e religiões indígenas brasileiras e utiliza a ayahuasca, uma bebida psicoativa feita a partir de plantas amazônicas, como um sacramento. Apesar de não ser reconhecida oficialmente pela instituição, em razão do contexto proibicionista, desde os anos 70 a cannabis é utilizada em algumas cerimônias como um complemento à ayahuasca. Ela é vista como uma forma de ajudar os seguidores a relaxarem e se conectarem com a natureza. É sabido também que o grupo religioso santificou a erva, apelidando-a de Santa Maria.

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A maconha é utilizada no Candomblé?

Formado no Brasil a partir de tradições religiosas africanas, o candomblé também tem como costume o consumo da verdinha e não é à toa. A planta chegou por aqui junto aos escravos e aos costumes das linhas espirituais que inspiraram esta religião. De acordo com registros históricos do Ministério das Relações Exteriores, as primeiras sementes de cannabis chegaram ao Brasil em 1549, trazidas pelos negros escravizados que as escondiam dentro de bonecas amarradas nas tangas.

No candomblé, a maconha é usada principalmente por pais e mães de santo como uma forma de entrar em contato com orixás e espíritos dos antepassados. Acredita-se que a planta tenha propriedades que podem ajudar a ampliar a consciência e permitir que os fiéis se comuniquem mais facilmente com o mundo espiritual. No entanto, é importante ressaltar que o uso da maconha na prática é também controlado e limitado a certos rituais específicos: ele não é visto como um fim em si mesmo, mas sim como um meio para alcançar um estado de conexão espiritual.

Além disso, o uso da maconha no candomblé é considerado uma prática controversa e não é aceito por todos os terreiros, isso porque há divergências sobre sua utilização e efeitos.

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Shiva, o deus da maconha: a relação divina da planta no Hinduísmo

No Hinduísmo, uma religião antiga originada na Índia, a cannabis é utilizada em alguns rituais como uma forma de honrar o deus Shiva. De acordo com a tradição hindu, Shiva é conhecido como o "Senhor da Ganja" e é visto como uma figura sagrada que usa a cannabis para atingir um estado de transcendência e meditação. A erva é, portanto, utilizada em algumas cerimônias para ajudar os seguidores a se conectarem com esta divindade.

Para completar, a maconha também faz parte da composição de uma bebida psicoativa considerada sagrada por esta religião, o “Bhang”.

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Legalidade e respeito: o uso da maconha em práticas religiosas em países proibicionistas

É fundamental ressaltar que a utilização da maconha em rituais religiosos é muitas vezes ilegal em alguns países. Além disso, nem todas as religiões veem a cannabis como uma planta sagrada e muitas proíbem o uso de drogas de qualquer tipo. Por isso, fique atento: é importante respeitar as leis e crenças locais e consultar um guia espiritual ou religioso antes de utilizar a cannabis para fins espirituais.

Existem algumas outras religiões que também são fãs da nossa planta preferida, você conhece alguma? Conta pra gente aqui nos comentários!

Referências: