Viviane Sedola

 

A tradicional revista norte-americana High Times elegeu as 50 mulheres mais importantes do mercado canábico mundial, e a empresária brasileira Viviane Sedola figura na lista. A matéria presente na revista é um reconhecimento das empreendedoras, empresárias, pesquisadoras e ativistas que lutam para o avanço da legalização do uso medicinal, recreativo e cosmético da planta.
Viviane é fundadora e Diretora Executiva da Dr. Cannabis, plataforma que além de possuir conteúdo informativo, também auxilia pessoas a contactarem médicos ou profissionais que prescrevem, produzem e revendem canabinóides de maneira legalizada.
Apesar da importância da matéria na High Times, Viviane ainda acredita que, como nos outros setores globais, o mercado canábico continua sendo monopolizado pelos homens.

Mercado Canábico
O Mercado Canábico possui três vertentes: recreativa, cosmética e medicinal. A empresa de Viviane atua na terceira delas. "A empresa foi criada para atender ao mercado de cannabis medicinal legal do Brasil como ele é hoje: ou seja, como base no fato de que há uma resolução da diretoria colegiada (RDC) da Anvisa que diz que, em casos excepcionais, pacientes podem ser autorizados a importar individualmente produtos a base de canabidiol para se tratar".
Ou seja, a Dr. Cannabis ajuda pacientes a obterem o aval e a liberação de medicamentos à base da planta em casos excepcionais, como por exemplo: epilepsia, dores crônicas, asma, etc. Nesses e em alguns outros casos, esses medicamentos são a melhor opção para o combate aos sintomas. "Se você tem uma cólica que derruba por dois dias, provavelmente já testou tudo que está na farmácia. O que existe no mercado tradicional provavelmente não funciona para você. E, nesse caso pode ser elegível a se tratar com cannabis medicinal. Os pacientes têm essa dúvida, e a gente acolhe desse momento até a efetivação da compra", alega.
Viviane alega que a média de valor dos pedidos realizados na plataforma é de R$ 1.200 por mês. Segundo a New Frontier Data, o mercado da maconha medicinal é um dos que mais cresce no mundo, com taxa de 22% ao ano.

Mulheres no Mercado Canábico
Viviane é uma das curadoras da "Cannabusiness Summit", reunião realizada por profissionais da área da saúde e do bem-estar. A legalização da maconha medicinal e as questões que permeiam o tópico são umas das principais pautas discutidas.
Apesar de sua liderança feminina no evento, ainda sim, Viviane lamenta o fato de que não é comum ver mulheres em tais posições. "Pesquisas nos Estados Unidos, onde o mercado começou antes, por conta da liberação da cannabis em alguns estados, mostravam que 50% dos pequenos negócios associados a cannabis eram liderados por mulheres. Mas, em empresas grandes, de capital aberto, não me lembro de outras", afirma. "Em outras pesquisas, esse número vem caindo, para uma representatividade de 30% de mulheres na área". Em todo caso, a empresária é uma das referências mundiais ao lado de outras 49 mulheres eleitas pela High Times.

Anvisa e a "Novela" da Legalização
Viviane afirma acompanhar de perto cada movimento em relação à regulação da Cannabis medicinal no Brasil. "Toda discussão é boa. A Anvisa está muito esclarecida quanto aos benefícios da cannabis medicinal. A proposta regulatória que eles trazem para o registro de medicamentos e para o cultivo cabem questionamentos e não sabemos se vai ser votada esse ano, e aí vai ter outra diretoria, que a gente não sabe qual será. Aí, será mais provável que o Legislativo regule", declara. "Mas minha principal crítica aos projetos de lei é que a parte econômica não está sendo levada em consideração. O cânhamo, por exemplo, é uma substância de cannabis com baixa concentração de THC, que serviria para o medicinal e traria um potencial econômico para o país. Ele é como se fosse a soja, em termos de mercado, é ecologicamente melhor, cresce rápido, mas isso não está sendo levado em conta".
Uma das principais críticas da CEO brasileira é de que as propostas de legalização apresentadas até então, visam apenas o lucro estrangeiro.
Em outubro, a Anvisa esboçou uma legalização mais abrangente, porém, a votação foi adiada por conta de solicitações de revisão dos termos.